Com o corpo totalmente gelado ouvi a entrada de vários indivíduos ao “salão dormitório”. Também rodas metálicas na cerâmica – a vibração chegava facilmente a meu corpo.
Chamou-me a atenção que a janta não tinha sido servida para todos porque um companheiro que estava perto de mim falou: minha comida não veio. A resposta foi clara : “você vai comer mais tarde, se é que tem vai ter fome.”
- É você levante, vamos levante logo!!!
- Que foi? Para onde me vão a levar? (sem resposta).
Para onde vieram as vocês tentei dirigir o buraquinho de minha venda. Percebi a alguém muito perto de mim, tão perto que sentia sua respiração, lentamente fui descendo minha cabeça, o terror me invadiu temendo ter sido descoberto. Os passos se afastaram e me tranqüilizei.
A tentação era muita por saber que estava acontecendo. Uma pequena porta que estava a minha direita e a frente e a que conseguia ver com claridade fechando o olho esquerdo era o lugar onde estava sendo levado o homem que tinha falado. Estava de olhos vendados também, um soldado o levava do braço y na porta um homem magro com camisa branca e calça cinza o esperava. A porta foi fechada.
Eu não conseguia tirar meus olhos da porta. Ouviram-se gritos misturados de dor e insultos, dificilmente entendíveis. Uma hora depois vi sair dois soldados puxando o homem dos braços, arrastado e saindo de minhas possibilidades de visão. Parecia inconsciente.
lille/2009
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