Já no calabouço do quartel de Rivera vi que tinha um vizinho. Era um corredor cumprido onde a guarda de entrada geral ao prédio se encontrava na frente. Tinha muitas pequenas celas sobre o lado direito e do outro lado banheiros e altas janelas antigas que davam para a rua da frente do quartel. Este foi o primeiro contato visual que tive com a vida externa. A distancia entre minha cela e a janela era de um pouco mais de quatro metros e se percebia que a altura do quartel com as construções da frente era bastante e suficiente como para não permitirnos a visão das casas vizinhas.
Me sentei no chão da porta. Era a primeira manha que estava ali. Ao olhar pelo corredor vi um guarda armado depois de um portal que tinha a uns dois metros de distancia. Junto de mim separado por uma parede estava alguém que perguntou baixinho:
- De onde é você?
- Sou de Minas de Corrales. E você?
- Eu sou Veríssimo o sacerdote da paróquia de enfrente ao quartel.
- E porque foi detido? – perguntei curioso.
- Porque eu fazia de ponte para fugidos políticos enviados para a Europa e pertencer ao MLN. E você?
- Por suspeita de integrar os quadros do MLN e ser dirigente da AEBU em Minas de Corrales.
- E não é assim...?
- Calem-se, vocês estão prohibidos de falar entre vocês, podem entrar logo!!! O querem que eu fique preso junto de vocês.
A conversa ficou truncada e eu agradeci para não entrar em detalhes com o padre que eu não sabia se era o não, fato comum na ditadura de colocar falsos “bonzinhos” ou militares travestidos de revolucionários para puxar a língua aos detentos.
lille/2009
Me sentei no chão da porta. Era a primeira manha que estava ali. Ao olhar pelo corredor vi um guarda armado depois de um portal que tinha a uns dois metros de distancia. Junto de mim separado por uma parede estava alguém que perguntou baixinho:
- De onde é você?
- Sou de Minas de Corrales. E você?
- Eu sou Veríssimo o sacerdote da paróquia de enfrente ao quartel.
- E porque foi detido? – perguntei curioso.
- Porque eu fazia de ponte para fugidos políticos enviados para a Europa e pertencer ao MLN. E você?
- Por suspeita de integrar os quadros do MLN e ser dirigente da AEBU em Minas de Corrales.
- E não é assim...?
- Calem-se, vocês estão prohibidos de falar entre vocês, podem entrar logo!!! O querem que eu fique preso junto de vocês.
A conversa ficou truncada e eu agradeci para não entrar em detalhes com o padre que eu não sabia se era o não, fato comum na ditadura de colocar falsos “bonzinhos” ou militares travestidos de revolucionários para puxar a língua aos detentos.
lille/2009
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