Ao cair a tarde todo se tornava tenso, e ao entrar a noite, quando a cidade descansava as dores, o terror, a espera de qual seria o tipo de tortura que os alunos das escolas americanas escolheriam para aplicar, semeando o terror na população de prisioneiros da covarde ditadura.
Os motores dos caminhões iniciaram a sua cortina de barulho que encobertava os gritos dos torturados. Em meu calabouço me mantinha sentado no “camastro” a espera de minha vez. A curiosidade foi mais forte que a consciência do perigo. Por este motivo me subi na grade do “camastro” e me pendurei da janela, e em ponta dos pés, para ver o pátio de onde vinham os barulhos. Vários soldados, um homem muito magro de camisa branca, dava as ordenes e cada vez que ele subia e descia a sua cabeça, a do preso era submergida num grande recipiente de metal ate o final das suas forças. O melhor quase até a morte. Por momentos senti a dor da impotência. Não sabia se continuar vendo e me ocultava, depois voltava a ver, porque o temor a morte do companheiro e a necessidade de ser testemunho da violência era mais forte.
Esta noite foi impossível dormir, bom, muitas foram as noites de insônia por não dizer quase todas.
A chegada de outro prisioneiro me fez pensar que aquele que estava ali seria poupado. Não foi assim. O que chegou foi empurrado a torturar a seu próprio companheiro. Resistia, se negava, o soldado pegava seus braços e com eles emperrava a cabeça do companheiro. Os culatrasos nas costas e na cabeça do infeliz terminavam por dar com ele no chão.
Um dos soldados virou a cabeça na minha direção e eu me joguei sobre a cama, onde fiquei quieto, muito quieto, aterrorizado tal vez esperando viessem a me levar.
lille/2007
Os motores dos caminhões iniciaram a sua cortina de barulho que encobertava os gritos dos torturados. Em meu calabouço me mantinha sentado no “camastro” a espera de minha vez. A curiosidade foi mais forte que a consciência do perigo. Por este motivo me subi na grade do “camastro” e me pendurei da janela, e em ponta dos pés, para ver o pátio de onde vinham os barulhos. Vários soldados, um homem muito magro de camisa branca, dava as ordenes e cada vez que ele subia e descia a sua cabeça, a do preso era submergida num grande recipiente de metal ate o final das suas forças. O melhor quase até a morte. Por momentos senti a dor da impotência. Não sabia se continuar vendo e me ocultava, depois voltava a ver, porque o temor a morte do companheiro e a necessidade de ser testemunho da violência era mais forte.
Esta noite foi impossível dormir, bom, muitas foram as noites de insônia por não dizer quase todas.
A chegada de outro prisioneiro me fez pensar que aquele que estava ali seria poupado. Não foi assim. O que chegou foi empurrado a torturar a seu próprio companheiro. Resistia, se negava, o soldado pegava seus braços e com eles emperrava a cabeça do companheiro. Os culatrasos nas costas e na cabeça do infeliz terminavam por dar com ele no chão.
Um dos soldados virou a cabeça na minha direção e eu me joguei sobre a cama, onde fiquei quieto, muito quieto, aterrorizado tal vez esperando viessem a me levar.
lille/2007
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