Recebi a noticia de liberdade, depois de oito dias de ser detido. Fui para casa apenas a quatro quarteirões do quartel militar e da policia. Eu morava no ultimo andar de um prédio de três andares. Não tinha ido ao Banco a trabalhar para estar com minha família esse dia. Seriam as 19:00 horas quando uma vizinha veio a comunicar-nos que todos os participantes do ato que se estava realizando na Inspeção de Escolas em homenagem ao poeta espanhol Antonio Machado foram levados para as instalação da Chefia de Policia incluindo. Maestros, Diretores, Advogados, Sacerdotes, Juízes pressentes incluindo os dois irmãos de minha mulher tinham sido presos. Eu não estava porque minha mulher me pediu que não fosse.
Assim como estava me dispus a sair com o conseguinte pedido de minha mulher de não ir, pois, poderia cair na cadeia novamente. Seu pedido não era suficiente esta vez para fazer-me desistir da minha própria consciência política.
Os dois principais culpáveis desde desmando eram Ariel E. Riani (chefe de policia) e Pereira Reverbel (presidente de UTE órgão energético do país). O primeiro filho adotivo do maior fazendeiro da região, suspeito de trafico de drogas, contrabando de gado para o Brasil e corrupção de menores; o outro advogado com sérios problemas sexuais, violento, ultra derechista.
Quando cheguei, com minha mulher, na praça já estavam alguns familiares e amigos dos detidos. Tome a iniciativa das ações e solicitei trazer uma Bandeira da Pátria. Uma companheira doente terminal de câncer estava na sua cadeira de rodas. Pouco tempo depois o número de pessoas era significativo e as portas do prédio policial tinham sido fechadas. Iniciamos a cantar consignas de protesto e o Hino Nacional. Tive a sensação que alguma coisa ia a acontecer e pedi a minha mulher para ir embora. Não deu tempo. As portas se abriram e saiu um pelotão militar que em ponta de lança arremeteu contra nos.
As espadas cortaram o ar, a violência, a prepotência e abuso de poder se apoderaram da paisagem de paz da praça, contemplados pelo monumento libertário do prócer dos orientais, ideários longe da realidade das autoridades locais desse momento que vivíamos.
Lille/2009
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